domingo, 21 de maio de 2017

Arte e educação: os benefícios do origami

Olá, mergulhadores!

Em 2014, tive uma experiência muito legal em uma oficina na universidade onde me formei. Gostei tanto que decidi pesquisar um pouco mais sobre os benefícios do origami para compartilhar aqui no blog. Espero que gostem!

Goreth usa o origami para auxiliar nas atividades em sala de aula
Goreth usa o origami para auxiliar nas atividades em sala de aula (Foto: Alexandre Fonseca)

Basicamente, o origami é a arte de dobrar papel. Mas se engana quem pensa que é apenas um passatempo de criança. Maria Goreth de Medeiros, professora da Escola Municipal Professor Antônio da Graça Machado, de Mossoró/RN, é a prova de que essa arte japonesa pode ser uma ferramenta complementar na educação.

Formada em Pedagogia pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), com especialização em Psicologia Educacional da Aprendizagem pelas Faculdades Integradas de Patos (FIP-PB), Goreth entrou no mundo do origami aos 10 anos de idade, fazendo lacinhos simples. “A gente não conhecia como origami. Era dobradura de papel. Com o passar do tempo, eu fui dobrando sapinho, dobrando flores… Depois, vieram as revistas, por volta de 1993. Aí, eu fui comprando revista, fui aprendendo e fui fazendo”, relembra.

Para Goreth, a tecnologia também ajudou muito. Ela aprimorou a técnica por meio de um curso online com origamistas de Minas Gerais e começou a pesquisar mais sobre essa arte. “Na internet, é muito mais fácil, porque já passa as pessoas fazendo mesmo. Uns são japoneses, aí fica difícil por causa da língua”, conta, aos risos. “Mas pela peça que eles vão fazendo, a gente vai compreendendo. A gente fica louca pra fazer tudo, de tanta coisa bonita que tem”, completa.

Origamis para ornamentação feitos pela professora Goreth
Origamis para ornamentação feitos pela professora Goreth (Foto: Alexandre Fonseca)

Foi durante a faculdade que a professora percebeu que o origami poderia ser trabalhado na sala de aula do ensino fundamental. Inicialmente, implantou a novidade nas aulas de artes e, com o tempo, expandiu para outras disciplinas. “O carro-chefe é a matemática, não resta dúvida. Você trabalha as formas geométricas, os números, as medidas… Trabalha ciências também, a questão do meio ambiente, porque você recicla o papel”, explica.

Goreth diz que a sua maior satisfação é ver as pessoas aprendendo e construindo. O sonho dela é formar um grupo de origamistas que não se limitasse ao município de Mossoró, mas que participasse de feiras em outros lugares, mostrando os benefícios do origami para a aprendizagem e para a saúde.

A professora faz um apelo: “Eu queria que as pessoas valorizassem mais a arte. Procurassem conhecer a importância dela. Que os gestores dessem mais atenção e realizassem mais oficinas, mais estudos”.

O recado da profissional também vale para os educadores, que podem usar métodos inovadores na hora de ensinar. “Seria bom também que os professores se interessassem em aprender o origami pra levar essa arte pra dentro da sala de aula”, sugere.


Os benefícios do origami na educação infantil


A iniciativa de Goreth já rende bons frutos. Jussara Maria, mãe da estudante Joyce Lohany (7), conta que tanto as notas quanto o comportamento da filha melhoraram depois das aulas com origami. Joyce tem diabetes desde os três anos de idade e precisa tomar dois tipos de insulina.

Segundo Jussara, por causa da agressividade da filha, teve que levá-la a um psicólogo. “A gente não sabia como lidar com a doença. A Joyce era muito agitada. Mas agora que ela começou a fazer origami, nem precisa mais de psicólogo. Hoje, ela é um doce de menina”, diz a mãe, orgulhosa.

Jussara aprova a maneira como a professora Goreth ensina. Ela considera uma metodologia muito criativa e estimulante, pois faz os alunos terem vontade de assistir às aulas. “Quando a Joyce aprende uma novidade na escola, ela chega em casa toda animada, querendo ensinar. Muitas vezes, quando eu olho, ela está sentada no chão fazendo origami, cheia de papel em volta dela”, comenta.

Para a pequena Joyce, a professora Goreth é uma fonte de inspiração. Timidamente, ela conta qual é o origami que mais gosta de fazer: “É a rosa”. Questionada sobre o que deseja ser quando crescer, abre um sorriso e responde: “Professora”. Ela afirma também que não vai parar de fazer origami e que deseja ensinar a arte para os seus alunos quando estiver dando aula.

O caso de Joyce não é isolado. A professora Eleni Pereira, que ministra o curso CPT Origami – Arte da Dobradura de Papéis pela internet, explica que essa técnica apresenta vários valores pedagógicos. Entre eles, o desenvolvimento da coordenação motora fina e da coordenação óculo-manual, bem como o estímulo da concentração, da memória e da paciência.

As dobraduras também auxiliam no processo de alfabetização de crianças com dislexia e hiperatividade, promovem relaxamento e satisfação emocional, além de contribuírem para a construção da personalidade e da visão subjetiva do mundo. Afinal, seu caráter lúdico trabalha a criatividade e a abstração, o que permite interpretar como figura o objeto feito em papel.


O origami como atividade para pessoas com deficiência


O origami vai além dos muros da escola. Uma prova disso é que Paloma Carvalho (24), também formada em Pedagogia pela Uern, teve interesse em aprender a arte para aplicá-la nas atividades da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae-Mossoró), onde trabalha.

Ela diz que está sempre em busca de novidades e que o origami é muito importante para a coordenação, a criatividade, a concentração, além de ter uma função terapêutica. “Funcionou comigo, pode funcionar com eles também”, acredita.

Paloma conta que vai começar com origamis básicos e que pretende ensinar a todos igualmente, pois eles não gostam quando há diferenciação entre as atividades. “Eles reclamam quando isso acontece. Se fizer uma atividade com um, tem que fazer com todos”.


O origami como forma de distração e gesto de carinho


Kusudama: variação da técnica de origami, com uso de cola — feito por mim
Kusudama: variação da técnica de origami, com uso de cola — feito por mim (Foto: Alexandre Fonseca) 

Eu mesmo sou mais um exemplo de adulto que buscou sentir, na prática, os benefícios do origami. Nos primeiros períodos da minha graduação em Jornalismo, estava precisando muito de horas complementares. Não pude participar de um importante congresso de comunicação que aconteceu em 2014. Então, para compensar, fiz minha inscrição na oficina da professora Goreth em um evento da faculdade de Pedagogia.

O momento durou apenas quatro horas, mas foi tempo suficiente para conhecer e me encantar por essa arte japonesa. No começo, fiquei um tanto estressado porque tive dificuldade nos primeiros movimentos. Porém, logo a impaciência passou e consegui relaxar. Ao final do encontro, levei para casa as peças que aprendi a fazer.

Uma das minhas produções foi o Tsuru — ave sagrada do Japão, símbolo de felicidade, saúde, longevidade e outras coisas positivas. A outra foi o Kusudama (foto acima), que tem nível intermediário e é considerado uma variação da técnica de origami, uma vez que usamos cola para unir os módulos e dar o formato de esfera. Sua tradução literal é “bola de remédio” ou “bola curativa”, pois os japoneses costumavam deixar saquinhos com ervas medicinais pendurados em cima da cabeceira de pessoas doentes.

Abaixo, um pequeno vídeo que gravei com meu colega Alexandre Fonseca para mostrar um tipo de origami com movimento, uma das criações mais interessantes da professora Goreth:


Quem também aprecia essa técnica oriental é Carlos Dyego (20), estudante do curso de Farmácia do Centro Universitário do Vale do Jaguaribe (Unijaguaribe), em Aracati-CE. Ele conta que, por volta de 11 ou 12 anos, viu na TV uma espécie de pássaro feito em papel e quis aprender como fazer um igual.

Algum tempo depois, enquanto usava o computador de uma tia, teve a lembrança da peça que havia visto na televisão e resolveu procurar o passo a passo. “Com a ajuda dela [tia], consegui fazer o meu primeiro origami: um Tsuru. A partir daí, só cresceu a curiosidade e a busca por dobrar novas formas e novos modelos cada vez mais complexos”, explica.

Gratificante diz o estudante
Gratificante”, descreve o estudante (Foto: Carlos Dyego)

Gratificante”. É assim que Dyego descreve a sensação de terminar um origami trabalhoso, como a aranha (foto acima). Ele diz que ficou muito feliz com o resultado, especialmente pela complexidade dos processos. Além disso, ressalta que a escolha do papel fez toda a diferença. “Com o papel normal, não dava para fazer porque as dobras ficavam muito grossas e eu não conseguia dobrar mais. Aí, consegui um papel bem fininho, com uma gramatura em torno de 80 g/m². E deu certo”, orgulha-se.

O estudante também revela que chegou a desenhar vários diagramas de origami em um caderno, uma espécie de manual com imagens explicando o passo a passo para dobrar. Porém, destaca que a técnica está na sua rotina apenas como hobby, uma maneira de exercitar o raciocínio e a paciência, mas, principalmente, de se distrair. “Deixo todos os problemas de lado para me concentrar em concluir o origami”, comenta.

Dyego se entusiasma ao ver as peças prontas, mas também reconhece o valor das etapas de produção. Afinal, é assim que ele pode pensar fora da caixa e se desafiar. “Em tentativas de fazer um origami novo, às vezes eu o deixava incompleto por não saber como prosseguir, mas buscava uma solução, trocando o papel ou vendo tutoriais no YouTube”, exemplifica.



A flor mostrada no vídeo acima é outra criação do futuro farmacêutico, que a considera bonita e de fácil execução. Foi um singelo presente que ele deu para uma colega de academia que estava prestes a fazer aniversário. “Eu vejo que presentear uma pessoa com um origami também é uma forma de desejar coisas boas, envolvendo energias positivas e incitando a criatividade”, finaliza.

E vocês, já conheciam os benefícios do origami? Comentem o que acham dessa arte japonesa!

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